Clube do Riso

10/03/2010 12:31

 

 
 
Clube do Riso usa as gargalhadas para evitar doenças e depressão

Diário de São Paulo
GUILHERME SAMORA

Médico indiano que fundou a entidade afirma que as pessoas têm de rir pelo menos 18 minutos todos os dias para melhorar a saúde


 Rir é o melhor remédio. Esta é a filosofia do médico indiano Madan Kataria que, depois de realizar uma  série de  pesquisas sobre o assunto, fundou, em 1995, o Clube do Riso, em Nova Délhi. “A entidade nasceu ocasionalmente. Fui a um parque e  comecei  com  um  pequeno grupo. Nos encontrávamos para rir. Com o tempo, o nosso repertório de piadas e gracinhas acabou. Então começamos a in- troduzir exercícios  para induzir ao  riso. Fundamos o clube para oficializar estas técnicas”, conta o médico. A idéia deu cer- to: a entidade ganhou filiais em mais de 15 países.

As palestras do doutor Kataria são sempre cercadas de pessoas   sorrindo.   Algumas são discretas. Outras chegam a se atirar no chão. “As pessoas têm de rir pelo menos 18 minutos por dia para melhorar a saúde”, afirma o médico. Mas são poucas as que conseguem atingir essa marca. “Em média, o ser humano não consegue rir nem 3 minutos por dia”, diz.

O doutor Kataria conta que já conseguiu fazer rir 80 presos à espera de julgamento por homicídio, empregados de multinacionais em todo o planeta e até mesmo os membros do Parlamento australiano, em plena sessão. Segundo ele, as chances de aparecerem doenças cardíacas, úlcera gástrica e depressão são reduzidas em mais de 60% se a pessoa seguir a terapia.

Patch Adams já usava a técnica Entre os pioneiros na utilização do riso como método de cura está o Dr. Hunter “Patch” Adams, que teve sua história retratada no filme “Patch Adams — O amor é Contagioso”. O filme conta a história de Adams, interpretado por Robin Willians, que, em 1969, após tentar se suicidar, voluntariamente se interna em um sanatório. Ao ajudar outros internos, ele descobre que deseja ser médico para colaborar com as pessoas. Ele sai da instituição e entra na Faculdade de Medicina. Seus métodos poucos convencionais e cheios de palhaçadas causam espanto, mas aos poucos conquistam os colegas. Ao contrário de outros médicos, o Dr. Adams estava preocupado em ser um agente de melhoria da qualidade de vida. Adams montou a fundação Gesundheit. Seguindo suas teorias surgiu o grupo Doutores da Alegria, que percorre hospitais em todo o Brasil levando um pouco de conforto aos pacientes.

 

Estudos

Existem vários estudos que citam  o  riso  como  terapia.  Os americanos Paul Ekman, psicólogo da Universidade da Califórnia,  em  São  Francisco,  e Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, ambas nos Estados  Unidos,  descobriram que um sorriso, mesmo induzi- do, pode provocar reações cerebrais   parecidas  com   as   que acontecem em um momento de alegria.  Conhecido como Voluntary  Smile (Sorriso  Voluntário),  o  estudo  indica  que  o “sorriso  de  orelha  a  orelha”, que levanta  a bochecha  e produz  algumas  rugas  ao  redor dos olhos, é o melhor para aumentar a atividade em regiões do cérebro que respondem pela sensação de bem-estar.

O psicólogo Robert R. Provine, especialista em neurociência  da Universidade  de  Maryland, nos EUA, estudou as gargalhadas por mais de 10 anos. O resultado  da  overdose  de  ale- gria pode ser conferido no livro “Laugther: A Scientific Investigation (Risada: Uma investigação   Científica)”,   lançado   no ano passado  nos Estados  Unidos. No livro, o professor afir ma que pessoas que falam muito  riem  46%  mais  do  que  os mais calados, enquanto as mulheres riem 20% mais do que os homens durante sua vida.

Descobertas

“A risada é um mundo de descobertas inesperadas. Além do ponto benéfico do riso na saúde do homem, descobri durante as pesquisas que até chimpanzés, gorilas e  orangotangos riem”,

Professor de Yoga trabalho semelhante aG entidade indiana em São Paulo

Seguindo os ideais do médico indiano Madan Kataria, o professor  de Yoga  André De  Rose fundou um braço do Clube do Riso   no   Brasil.   “Há alguns anos eu esqueci como sorrir faz bem. Comecei a reintroduzir o riso em minha vida e tudo começou a mudar. Passei a ser mais receptivo. Quero mostrar às pessoas como sorrir faz diferença”, conta ele, que tem uma academia de ioga em Perdizes, onde funciona o Clube do Riso, na  capital paulistana.  “Já  entramos em contato com Madan Kataria e estamos tentando trazê-lo   ao   Brasil   no   ano   que vem”, conta De Rose.

O Clube do Riso no Brasil tem alguns objetivos diferentes de sua sede na Índia, cuja coordenação de atividades parte diretamente de Kataria.  “Estamos formando grupos de agentes propagadores. Como o clube trabalha voluntariamente, nos reunimos para repassar a metodologia aos     interessados, que, depois, saem para clubes, hospitais e parques levando o benefício do riso para as outras pessoas”, explica.

Segundo o professor, o simples atos de sorrir, mesmo mecanicamente, já deixa a pessoa mais relaxada e provoca benefícios em seu organismo. O segundo  passo para  experimentar os efeitos da técnica é emitir sonoras gargalhadas. “Você pode começar emitindo as síla- bas ‘ro ro ro’ (como a risada do papai Noel) e ‘ra ra ra’, até que se transformem  em gargalha”, explica Andre De Rose.

Você pode conferir essa matéria aqui