Médico indiano que fundou a entidade afirma que as pessoas têm de rir pelo menos 18 minutos todos os dias para melhorar a saúde
Rir é o melhor remédio. Esta é a filosofia do médico indiano Madan Kataria que, depois de realizar uma série de pesquisas sobre o assunto, fundou, em 1995, o Clube do Riso, em Nova Délhi. “A entidade nasceu ocasionalmente. Fui a um parque e comecei com um pequeno grupo. Nos encontrávamos para rir. Com o tempo, o nosso repertório de piadas e gracinhas acabou. Então começamos a in- troduzir exercícios para induzir ao riso. Fundamos o clube para oficializar estas técnicas”, conta o médico. A idéia deu cer- to: a entidade ganhou filiais em mais de 15 países.
As palestras do doutor Kataria são sempre cercadas de pessoas sorrindo. Algumas são discretas. Outras chegam a se atirar no chão. “As pessoas têm de rir pelo menos 18 minutos por dia para melhorar a saúde”, afirma o médico. Mas são poucas as que conseguem atingir essa marca. “Em média, o ser humano não consegue rir nem 3 minutos por dia”, diz.
O doutor Kataria conta que já conseguiu fazer rir 80 presos à espera de julgamento por homicídio, empregados de multinacionais em todo o planeta e até mesmo os membros do Parlamento australiano, em plena sessão. Segundo ele, as chances de aparecerem doenças cardíacas, úlcera gástrica e depressão são reduzidas em mais de 60% se a pessoa seguir a terapia.
Patch Adams já usava a técnica Entre os pioneiros na utilização do riso como método de cura está o Dr. Hunter “Patch” Adams, que teve sua história retratada no filme “Patch Adams — O amor é Contagioso”. O filme conta a história de Adams, interpretado por Robin Willians, que, em 1969, após tentar se suicidar, voluntariamente se interna em um sanatório. Ao ajudar outros internos, ele descobre que deseja ser médico para colaborar com as pessoas. Ele sai da instituição e entra na Faculdade de Medicina. Seus métodos poucos convencionais e cheios de palhaçadas causam espanto, mas aos poucos conquistam os colegas. Ao contrário de outros médicos, o Dr. Adams estava preocupado em ser um agente de melhoria da qualidade de vida. Adams montou a fundação Gesundheit. Seguindo suas teorias surgiu o grupo Doutores da Alegria, que percorre hospitais em todo o Brasil levando um pouco de conforto aos pacientes.
Estudos
Existem vários estudos que citam o riso como terapia. Os americanos Paul Ekman, psicólogo da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, ambas nos Estados Unidos, descobriram que um sorriso, mesmo induzi- do, pode provocar reações cerebrais parecidas com as que acontecem em um momento de alegria. Conhecido como Voluntary Smile (Sorriso Voluntário), o estudo indica que o “sorriso de orelha a orelha”, que levanta a bochecha e produz algumas rugas ao redor dos olhos, é o melhor para aumentar a atividade em regiões do cérebro que respondem pela sensação de bem-estar.
O psicólogo Robert R. Provine, especialista em neurociência da Universidade de Maryland, nos EUA, estudou as gargalhadas por mais de 10 anos. O resultado da overdose de ale- gria pode ser conferido no livro “Laugther: A Scientific Investigation (Risada: Uma investigação Científica)”, lançado no ano passado nos Estados Unidos. No livro, o professor afir ma que pessoas que falam muito riem 46% mais do que os mais calados, enquanto as mulheres riem 20% mais do que os homens durante sua vida.
Descobertas
“A risada é um mundo de descobertas inesperadas. Além do ponto benéfico do riso na saúde do homem, descobri durante as pesquisas que até chimpanzés, gorilas e orangotangos riem”,
Professor de Yoga trabalho semelhante aG entidade indiana em São Paulo
Seguindo os ideais do médico indiano Madan Kataria, o professor de Yoga André De Rose fundou um braço do Clube do Riso no Brasil. “Há alguns anos eu esqueci como sorrir faz bem. Comecei a reintroduzir o riso em minha vida e tudo começou a mudar. Passei a ser mais receptivo. Quero mostrar às pessoas como sorrir faz diferença”, conta ele, que tem uma academia de ioga em Perdizes, onde funciona o Clube do Riso, na capital paulistana. “Já entramos em contato com Madan Kataria e estamos tentando trazê-lo ao Brasil no ano que vem”, conta De Rose.
O Clube do Riso no Brasil tem alguns objetivos diferentes de sua sede na Índia, cuja coordenação de atividades parte diretamente de Kataria. “Estamos formando grupos de agentes propagadores. Como o clube trabalha voluntariamente, nos reunimos para repassar a metodologia aos interessados, que, depois, saem para clubes, hospitais e parques levando o benefício do riso para as outras pessoas”, explica.
Segundo o professor, o simples atos de sorrir, mesmo mecanicamente, já deixa a pessoa mais relaxada e provoca benefícios em seu organismo. O segundo passo para experimentar os efeitos da técnica é emitir sonoras gargalhadas. “Você pode começar emitindo as síla- bas ‘ro ro ro’ (como a risada do papai Noel) e ‘ra ra ra’, até que se transformem em gargalha”, explica Andre De Rose.