Um Ponto Além do Sofrimento

17/05/2010 18:44

Por Monge Shankar

Agora você está lendo estas linhas, portanto preste muita atenção no que vou dizer.

Você já se perguntou QUEM está lendo estas linhas?

Tu responderás: "Sou eu".

Mas será que você sabe exatamente quem ou o que é este eu?

Acompanhe-me nesta viagem:

1° Em primeiro lugar torna-se útil despir-se das crenças.

Vamos ter coragem de ficar só com o que os cinco sentidos nos têm a oferecer, sem ficar imaginando prolongamentos para o próprio ego?
Convido você a jogar fora a noção de "alma" ou "espírito" (ao menos temporariamente, enquanto lê este texto). Por enquanto vamos brincar de fingir que você não acredita nisso.

Eis a pergunta: o que temos aqui e agora?

Acaba sobrando o corpo (o que é meio óbvio) e "algo mais" que anima este corpo (pois a condição atual difere da de um cadáver) que você pode chamar de "mente" ou "função cerebral" (memórias, raciocínios, etc).

Então responda: 
O que faz com que você seja você?

Esta é uma forma mais elaborada de perguntar: Quem é você?

Dizem que o Yoga é autenticidade (ser quem somos), porém quem somos?

E não vale dizer que "sou o conjunto", pois quem está dizendo que é isso ou aquilo é o Eu que evidencia esse conjunto, e não as partes inertes em si. Isso seria um sofisma.

Como você sabe que é o conjunto se não houvesse um Constatador de algo para dizer: "sou isso ou aquilo"?

E onde está isso?

Dado o primeiro pressuposto sobram-nos o corpo e a mente. Vamos lá:

2° Serei Eu o corpo?

Veja bem, assim como o espelho não se reflete, a balança não se pesa, a faca não se corta e o olho não se vê, o visível não é o Vedor.

A cada sete anos (setênios) todas as células trocam. Umas morrem e outras nascem. TODAS. Se a cada sete anos temos um corpo novo e achamos que somos o corpo, eu pergunto: qual?

Vários corpos se foram e você ficou. Portanto tudo que mudares no corpo não fará com que você vire outra pessoa. Logo, cor da pele, olhos, cabelo, formato do corpo, peso, altura e idade não o fazem deixar de ser você.

Então onde reside o seu Eu essencial sem o qual você deixaria de ser você?

Além do mais o corpo nem é seu, você não tem um controle nem sobre o básico, o que dirá sobre a morte? Embora alguns iludidos tentem é bem óbvio seu fim.

Se você sente prazer aqui ou ali, se come isso ou aquilo e se põe brincos neste ou naquele lugar, nada disto é essencial.

Então, cadê o Eu?

3° Serei Eu a mente?

Uma pergunta respondida com outra: visto que o conceito de ilusão não recai sobre se algo existe ou não no agora, mas 
se algo é transitório ou não, então O QUE na mente é permanente?

Pensamentos passam? Emoções passam? Sua forma de pensar e interagir com o mundo muda?

Se tudo isso é impermanente então onde está aquilo permanente que me faz dizer "eu" desde que "eu sei que eu sou eu"?

4° Então quem serei Eu?

Se tudo isso que estou apontando o dedo para quem mostra como "não-eu", e se eu apontar o dedo para aquele que está apontando o dedo?

Portanto aquilo que faz com que eu seja eu é justamente quem pergunta.

E o engraçado é que quem pergunta tenta olhar para fora para se achar naquilo que está vendo.

E é aí que começa o problema, quando você começa a pensar que é algo que você não é e começa a buscar sua felicidade nisso.

Pela própria impermanência do visível o resultado não poderia ser outro a não ser frustração e sofrimento. Pois tudo aquilo que é chamado de desejo é na verdade o desejo pela nossa Real Natureza travestido de desejo pelo impermanente.

A natureza d'Aquilo que Vê é eterna, está fadada a ver tudo vir, permanecer por um tempo e ir embora. Os bens materiais, as pessoas que gostamos, o animalzinho de estimação e até mesmo seu próprio corpo.

Mas a natureza d'Aquilo que Vê também é paz, calma e amorosidade

“Shankar, se é assim porque eu sofro tanto?”

Que sofrimento?

O que eu vejo é apenas um pensamento. Um pensamento de ser algo que não és. Semelhante a uma brincadeira de esconde-esconde de Deus consigo mesmo.

E esse não é o problema, porque se eu me iludo sabendo que é uma ilusão eu não me iludo em realidade.

Qual o problema então?

A priori, nenhum. Mas a mente cria problemas onde só há paz.

E o problema é ser sério e levar-se a sério demais. É não ter consciência que o bom passa, o mal passa e Eu permaneço. É não rir deste ridículo de ser Deus e achar que sofre, que não está pronto, que precisa de "preparação" para ser quem você já é (isso é apenas uma mera ideia dissolvível num estalar de dedos).

O problema é não abrir a casa para o Silêncio.

(pausa)

Mas como ter a firme e serena certeza de que somos isso, assim como posso ver em você?

O que eu tenho a dizer sobre isso?

"Na prática de meditação profunda há o recolhimento dos meios de expressão da consciência, então ela fica sem conteúdo e reflete a quem você é."

Quer saber quem tu és? Como vivenciar isso?
Praticando meditação.

O Ser refletirá a si mesmo, reconhecendo-se no visível.

Então os probleminhas do corpo e da mente empalidecem e emudecem perante o Silêncio que brota.


Fique alerta!
AdeshaH

Monge Shivaraja
(Swami Shivaraj Shankar Nath)


 
 
Monge Shankar
mongeshankar@hotmail.com

SITE do Templo do Yoga: www.templodoyoga.blogspot.com

 TEMPLO DO YOGA  

Santos - São Paulo - Brasil

Av. Floriano Peixoto, 95 sala 41 - Gonzaga - Santos
(13) 8128-0748
E-mail: 
templodoyoga@hotmail.com

Olá Visitante! Se é novo aqui no site, talvez queira subscrever a nossa RSS feed (no topo da página) ou a newsletter (do lado esquerdo) para atualizações diárias.